dimanche 28 juin 2009

A esquizoescritura


(des)retalhos

Em O livro por vir, percebe-se que "é possível que a humanidade um dia conheça tudo, os seres, as verdades e os mundos, mas haverá sempre uma obra de arte (talvez a arte na sua totalidade) que escapa a este conhecimento universal. Esse o privilégio da atividade artística: o que ela produz, frequentemente até um deus o deve ignorar".

Blanchot sobre Joubert e utopia : a meta seria desimpedir-se de todas as convenções que regram o pensamento para transformá-lo numa ação livre e libertadora, representada na escrita como prática e experimentação

Blanchot intenciona minar a literatura para livrá-la de suas idéias restritivas, visando uma escrita que sugere como sendo "fora do discurso, fora da linguagem" , o que chamei de Esquizoescritura, o título do post.


Questiona os conceitos Deus, do Eu, do Sujeito, da Verdade, do Uno, da própria idéia do Livro e da Obra, a tal ponto que essa escrita, antes mesmo de ter o Livro como meta, assinale seu próprio fim. Assim, nessa linha de pensamento, é possível que escrever exija o abandono de todos esses princípios, ou seja, o fim e também a conclusão de tudo o que garante a nossa cultura, não para voltar idilicamente atrás, mas, antes, para ir além, ou seja, até o limite, com o objetivo de tentar romper o círculo de todos os círculos: a totalidade dos conceitos que funda a história, nela se desenvolve e da qual ela é o desenvolvimento"

Diz Blanchot que
"escrever, então, passa a ser uma responsabilidade terrível. Invisivelmente, a escrita é convocada a desfazer o discurso no qual, por mais infelizes que nos acreditemos, mantemo-nos, nós que dele dispomos, confortavelmente instalados. Escrever, desse ponto de vista, é a maior violência que existe, pois transgride a Lei, toda lei e sua própria lei".

Uma prática surrealista, que provoca o desconhecido pelo acaso e pelo jogo, seja a referência mais imediata de Blanchot,

→ talvez algo de 'devir' como em Hegel

--> alcançar o objetivo da ampliação desses limites sem limites.

"Toda questão é determinada. Determinada, ela é esse próprio movimento pelo qual o indeterminado ainda se mantém na determinação da questão".
"A questão é movimento, a questão de tudo é totalidade de movimento e movimento de tudo".
Maurice Blanchot - A conversa infinita - Vol. 1 - A palavra plural.

Blanchot indica a necessidade de pensar a existência humana, libertando-a de jugos como o pensamento que se estrutura em idealizações unitárias, que necessariamente levam à discriminação do outro, do diferente. Com isso, reafirma a necessidade de convivermos com a diferença e a pluralidade para "talvez nada menos do que quebrar o jugo do deus e sair do círculo onde ele permanece fechado pelo fascínio da unidade", em busca de "uma palavra verdadeiramente plural".



1 commentaire:

Everaldo Ygor a dit…

Ao ler e reler, reencontro a esquizoanálise de Guatarri... Vivemos entre, das - maquinas escrevendo ou não, apenas observando...
Abraços
Everaldo Ygor