vendredi 28 novembre 2008

Dê olhos ao que você não vê




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mardi 25 novembre 2008

Um Minueto





Voando alto em meus saltos
Viajo com tu'alma segura
Sobressaltando ao encontro de teus dedos
Nas façanhas de nossa dupla
Santo tempo da sinfonia para os membros

O que se vê não é o que dançamos
Podem aparecer alguns elementos
Porém, dentro, só nós alcançamos
Tu precisas ao me rodopiar

Giras o mundo na alma e a fundo
Sabes que eu vou no encalço
Da confiança angustiante da suíte
Que não impede nem meu nem teu passo

Elegante dança dos passos miúdos
Na câmara composta da sonata
Seguramos, ao fim, as nossas mãos
Conplementando os atributos

Desconhecidos da platéia com seu it
A gritaria alentando em nosso silêncio
Aquieta-te, estou a teu lado
Continua dançando, não pare

Até que o maestro sinalize o deslize
Da manobra última
Dessa, então, finda valsa
Finalizada no duplo salto

jeudi 20 novembre 2008

Profissionalização do escritor brasileiro




Um bom tema para um livro: o que é ser escritor num país cujo desempenho contra o analfabetismo é pior que 72% na América Latina e pior que 55% no mundo? Vista que a posição relativa do Brasil em termos da taxa de analfabetismo é bem pior do que a sua posição relativa em termos de renda per capita. De fato, as mesmas statísticas das Nações Unidas revelam que apenas 34% dos países do mundo têm uma renda per capita maior que a brasileira. O mesmo fenômeno ocorre na América Latina, onde apenas 28% dos países têm renda per capita maior que a brasileira. O Brasil é um caso diferente, cujas causas remetem à colonização e acomodação à subserviência. Até alguns anos atrás ainda se manisfestava a indignação de forma argumentativa, muitos eram presos, injustiçados porém lutavam pelo seu direito de dignidade e educação adequada.

O império da mídia e a facilitação da sensação de prazer imediato oferecida pelo avanço geométrico da tecnologia contribuíram para a conveniente alienação e banalização do que precisa de esforço homérico sem qualquer reconhecimento ou retorno proporcional. O século XXI é de um povo perdido de si, vazio, sem conteúdo, sem base, que evita qualquer aprofundamento e reflexão pra não sofrer a angústia de tomar consciência do enorme caos atual. A futilidade reina como nunca! Ainda fica a imposição: goze, seja feliz, está reclamando do quê, você passa fome?

Eu canso de falar pra minha família parar de rezar pra dar pão a quem tem fome e sede de justiça a quem tem pão, pois estou ''desidratando''...

"O importante do ponto de vista de uma
educação libertadora, e não "bancária",
é que, em qualquer dos casos, os homens
se sintam sujeitos de seu pensar, discutindo
o seu pensar, sua própria visão do
mundo, manifestada, implícita ou explicitamente,
nas suas sugestões e nas de
seus companheiros" (Freire, 1987).



SOBREDEVIR


Contato mínimo
a parte mais escura de fato
corpo vazio
sem orgãos
mãos ou tato

Fronteiras invisíveis
espaço sem lugar enquanto o canto
já partiu
e ainda se ouve
os ecos do hiato

Espaço neutro
Onde o ente não se move e já parou
de correr
e no tempo
empaca o ato

Ausência de centro
falta de origem pra chegar
de um sem destino
que já partiu
nas vias de fato

samedi 15 novembre 2008

Apologia ao silêncio




A palavra revela
A subjetividade do ser
Sua ausência nivela
A objetividade de se ser

A idéia é pensada
Sem garantias de sentido
Até os melhores insights
Não escapam de caírem no olvido

É questão de precaução
Não jogar ao frágil ar
O que se tem de mais idiossincrásico e vulnerável
As ondas sonoras aculturalizadas...
...em volume forçado

Tania Montandon

lundi 10 novembre 2008

Ah... uma viagem!





por: Tania Montandon


Minha alma é louca e apaixonada
Deixou o mundo físico pra ir viajar
D'uma idéia à outra, pára pra amar
No mesmo lugar, estacionada

Anos-luz da concretude, lá vai ela
Neste corpo sentado, esquecido
Aquele moço alado, tão querido
Desejado, admirado pela donzela

Há um doce vôo no coração
Há um doce vôo no desejo desabrido
Há um doce vôo na fina mão

Porém - que coisa! - era da alma
Unida ao coração que eu falava, dolorido.
Não dessa estanque mão, tão calma...

~

mercredi 5 novembre 2008

Fluxo de Inconsciência


por: Tania Montandon

Queria saber o que é viver sem sofrer, sempre poder contar mais momentos de alegria que de desespero, não sentir culpa pela guerra que ocorreu mais de trinta anos antes de que o mundo me considerasse existente... Alma, espírito, qual a diferença? o que é isso?

ó senhor da Razão
apieda-te duma alma nascida e fundida na emoção... crua, nua, fervente no clamor da redenção.

O tempo que tanto me fugiu por milésimos de segundo resolve não mais me deixar em paz. Arrastam-se os segundos na minha tortura de os acompanhar. Estórias, devaneios, diálogos interiores, imagens mil entrelaçadas, nada, nada. Nada consegue fazer o tempo passar. De repente, a luz, o raio, os estridentes gritos surdos-mudos fazem-me arrepiar. Sim, é ele de novo... mais forte e poderoso que nunca. O medo em sua forma humana de pânico domina este frágil espírito a balbuciar: morte, morte. Em busca da liberdade de ser eu, viajo sem cessar entre hospitais, livros de psicologia, psiquiatria, psicanálise, literatura, filosofia... Meu ponto de interrogação essencial desliza dum interesse a outro, sem descanço, sem arrego, sem sossego.

- Sossega, leao; diz a química da injeção, tão bravamente involuntária. Só, sem defesas, o organismo reclama, nausea, inquieta-se, procura uma via de saída para ser ele e não, como poucos percebem, qualquer ideal ou completude de discípulos da perfeição. E o desejo? Por vezes ambicioso, por vezes calmo e dorminhoco.

Mar, luar, Sol, praia pra banhar
Que saudade, minha mãe Natureza, onde estás?
Procuro-te na turba, na janela, no olhar.
Sinto-te na brisa, roçando meu rosto, abro o olho devagar, sem nenhuma destreza:

- Quem sou? Onde estou? Eis este meu fardo? Meu corpo enjaulado, uma alma sentindo o ardor da solidão no peito e também um certo amor pelo que ainda não consigo nomear. Vida! Seria tudo isso que sinto um clamor, neste deserto orgulhoso e clandestino, um amor à vida, aos seres, à alegria?! Com tantos anos de assumida melancolia, poderia ainda despertar-me esse amor à vida, com tanta dor, feridas, lutas e as mãos tão frias?!

Este corpo que tanto pesa-me a existência e parece-me desconhecido, não o possuo. Porém lhe devo cuidados. Lavar, carregar, sentir esse corpo desconhecido, pele, órgãos, quase uma essência externa à qual devo nomear aparência e, minha?! Minha é essa aparência? Sim, eu sei, não há respostas fáceis. De tudo sempre fica um mistério, talvez vital à minha real essência.

Falta. Nela, perco-me ao desfiar minhas motivações emaranhadas às mais intensas emoções e, por incrível que possa parecer, chego com razoável facilidade ao âmago, bem próximo da velada causa que sustenta e alimenta meu ser perante outros da pretensa humanidade. Fina camada esta entre minha verdade e a recalcada sociedade. Fina por demais, sensível até o literalmente 'não poder mais'. Limite perigoso, lúcido, escorregadio e repleto de armadilhas sensoriais, culturais, instintuais, onde não creio chegar por escolha. Bolha de sabão, veja! Não toque! Sexualidade? O que é isso? Que relação tem com psicose?


lundi 3 novembre 2008

Angústia – uma vivência


por: Tania Montandon


Tristeza aguda, medo de viver, culpa do errado, sem saber o que fazer. Tantas perguntas no ar, vivências inesperadas, relatos fantásticos em ambos os sentidos. Até onde é Natureza, destino ou escolha? Até onde acreditar, confiar, doar?

Quando o ar atingiu-me, senti um grande empuxo para fora do mundo, uma sensação ominosa de não pertencer a tal lugar. Segredos do espírito, o que o faria me contar?
Coração ferido, vulnerável,à flor da pele. Dor crônica, pretendente a característica personal. Aguça a sensitividade, alastra o medo, sobrenatural. Expia sem se ver, participa do viver, constrói artifícios até morrer.

Natural beleza, Natureza, nascente tristeza por grande vileza. Sólida irmã da vida, assiste a seus verdes, rios, distraída; caírem por terra, na cobiça e na serra, a Mãe destruída.

À surdina, um toque de leve oferta-lhe traços. Formas que adereçam a esperança última do socorro. Luta contra a descrença, envolve-se de corpo. E o nariz, ponto primeiro do contato, é estraçalhado ante o escárnio, em princípio, mal ditoso. Arrivista maquiavélica bem adjetivam tal vil dita. Sobriedade atenta é fuzilada e envenenada, grande destreza a da serpente.

Insegurança, artimanhas que faltam ao bom espírito; tão jovem e também desprovido da caliente intrepidez que lhe é típica. As duras provisões da realidade sobressaltaram precocemente qualquer impulso insensato de ato heróico ou sublimado, extinguindo-os.

Manchada a vinha de alecrim, inexorável penha surgindo a sudeste da arrebatada vista, o ar claro e puro penetrando as narinas e acariciando a macia pele.. Bendizer sua criação até poderia, não fosse os restos de dor magoada, ressentida, orgulhosa escamoteando o divino deleito do dia.

Perdida nas largas mangas da confortroupa, com a seca meleca vigiando o vestíbulo nasal e os extremos das arcadas superiores e inferiores pesando a gravidade sob princípios de tal lei, assim como denotando sincero desprezo à esperança. Assim encontra-se dito ser feminil entre as vagas forças intermitentes para o trabalhárduo do chomp chicle bola poft...

Devaneleiando-se às quimeras mais reais, tomando distância das sensações materiais e regozijando-se então da tersa posição de derrisão, escarninho das tragédias fatais. Com o espírito desvinculado ao corpo carnal, assiste aos próprios desesperos e se espanta com o alvoroço por tão mundanas perecíveis futilezas.

Enleiando-se no processo com intrepidez e certa dose daquele gozo sofredor inato do qual ainda não conseguiu desemarnhar-se, engolindo raivas, mágoas, hostilidades, digerindo-as e, ao final dejetando-os; sente o peso e a aspereza daquelas ripas perpendiculares que lhe marcarão o corpo, a morte, a existência, a imortalidade da meta última.

Desgosto inquietante estiolando o mínimo orgulho que motiva tal criatura a inspirar cada molécula de ar. Irrevogável energia despendida no auto trucidamento desanimador, auto-compaixão comparável à estupidez maior.

Inapreensível certeza mórbida de energia desenlaçada, entrecortada por jatos populares proporcionando fincadas dolentes de pressão desmedida em pontos hipersensíveis.

Desesperança pesando desproporcionalmente sobre as costas de uma vida que se viu enjeitada, sufocada, desambientalizada no espaço menor, viés do acaso malquisto, tempo doído do curso vivido.

Descaso cabal do mínimo esteio que ainda enxergava. Fantasia explode do quero a morte, minha sorte! Células imperfeitas, espírito excêntrico repugnante afugenta belas expectativas divinas. Deus errou, humano existe que não concorda, dispensa tudo pois não tem mais como dar corda. Conta pesada a do lutar, cada vez mais está menos a compensar. Projetos de auto-extermínio entram em ação – falta de opção.

Chaves da cognição superior, para-além do si que se conhece, chama em canto ao Redentor, chamas de dizeres, prolixos sermões a bem da persuasão. Esta encrustada na alma vitimosa, incutida sob o abrigo do enganado responsável, alienado alienante, da verdade do ser, da verdade mentira, pois impossível de ser inscrita, muito menos escrita.

Indizível do sentir, amparo ao léu, folga do céu, recreio do “Goze!” imperativo, ativo do desatino, que brilha com glória na sociedade do festivo. Fustiga a paz da pretensa ingenuidade, embuste de qualidade que permeia o tentar ser, continuar.

Orvalho cinzento jamais visto angustia tal tronco juvenil, metralhando o ardil covardemente na proporção da desvantagem maior, pois é não visto mas sentido, negativo do explícito. De resultado é o vômito asqueroso dos dejetos orgânicos repugnados, malcheirando as belas vestes da donzela. Incongruência, realidade pasma de tal imaginário. Refeerências, reticências...

Cadáver ambulante movido a ciscos de energia prânica, erros de cálculo da extinsão, provocando balbúrdia no organismo, bem colocado pelo sentido pejorativo do sufixo ismo , naturalismo, extintismo diria eu. Sensação exorbitante da impotência da célula vibrante nos picos e cantos da carne murchante. Degeneração de corrosão sem anestésico, sente a dor, o peso e o tédio da questão que evolui com terror e usufrui do gozo excesso. Qualquer forma é dialética, na pena, na boca ou na lepra. Fica quieta, moleca!

Pupila Joyce corrompida pela linguagem, lingüística. Real nem sei saber, mas sinto ainda crescer, mantos de algo não sei o quê. Todo ser possui seus ídolos, para crescer, mover, fazer produzir, nem que seja só para si. E assim seja, Senhor, doutor da minha alma, da minha pirraça, da minha graça. Ó quem me vir amadurecer. Grande prêmio irá merecer. Viver, sofrer, morrer. Por que o tal do amor não entra no meio?deve ser algo que interveio. O qual? Ajuda peço afinal.

Esqueleto de asas transforma os contos em pandemônios, carniça fresca do sabor das jovens mortes anunciando o Juízo Final, que, na verdade, não há Final, quando dele não se consegue separar desde o início. Só o que há, então, é final, é dor, é perda, é carniça, é resto final de um começo que não houve. Brincando com palavras, ser vil que nunca se viu tal qual, mas sempre iludido, como se assim não fosse com todos. Estágio do espelho que se foi e não deixou lembranças ao que ficou, ao final de seu começo que não lembrou.

Desprezível ser no cume de seu egoísmo particular, subjugando e menosprezando atitudes humanamente modestas e dispostas cooperativas. Grande tempestade egocêntrica e feiosa atacando friamente o humilde copo d’água descartável, cujo material nem dura o mais remoto júbilo.


dimanche 2 novembre 2008


por: Tania Montandon

Certos sonhos há que me dizem

Que de tudo um dia

Pouco há que fica

Nem cores, frutos ou rumores

Mas apenas reflexos emaranhados

De emoções e sensações

Nada, porém, lembrado

Apenas o compartilhado

O construído na eterna luta

Do humano com a falta