mercredi 16 décembre 2009

mergulho dialético nas sombras d`alma



Vozes dizem
sim, q sou desprezivel nao mereco viver meu lugar eh junto deles mortos sou um demonio e devo me mutilar ou todos sofrerao por minha culpa e q sou medrosa pq nao pego a faca e acabo logo com tudo
todos sofrem como as vozes agudas dilacerando os ouvidos, toda mudança é dor, lembra da mulher que abraçou os jacarés? eu sei que era ficcional mas oq não é? a faca: talvez acabe com uma parcela, pra acabar com toda dor pode ser necessário muito mais lâmina e muito mais voz...
pra acabar com toda dor, sim, necessata muito mais voz, muita lamina, muita alma, muita coragem, pouca vida e muita morte, um nirvana inexoravel, sem volta ou direito a revolta, uma ida sem vinda, praquele lugar sem espaço ou tempo, desconhecido por todos, temidos por uns, desejados por outros, porem sempre pungente pelo proprio misterio neste desconhecido inerente... e heis q haverei tanta alma ou morrerei covarde com dor, sem honra e dignidade? no arrastar uma subvida imerecida, sem quaisquer utilidades?
mas será capaz de ir? tocar um sentir inerte, não mais arrastar ou voar, simplesmente flutuar um ângulo de gravitação desconhecido - talvez anti-gravidade? sem espaço ou tempo, não estamos cá rompendo com isso? talvez possamos na dor ver a diminuta pequeneza do acontecimento do nosso corpo, mas, além da faca (cega, afiada) prateada, além do nosso reflexo persecutório, do lado especular do nosso medo, no avesso do espelho, sem osso fogo sangue sopro, no Verbo Não-Conjugado - não nos conjugaremos jamais. Jamais.
então teria algum sentido, alguma percepção, se deixar tragar agora pelo Reverso deste Pluriverso? mastigue os cacos dos seus espelhos, deixe vir à boca o sangue da tua saliva, do que coleta teu vaso. cuspa tua dor e, semando sangue cuspe carne que pungente lateja, acelere o pulso do mundo.
ainda nos resta algumas ferramentas, no tempo acordado
a palavra não é o que nos torna humanos.
nós nos tornamos. da existência manca, o vislumbre do Ser - do qual fomos ex-propriados, e que nossa pulsão nos leva sempre a querer devorá-lo.
os antigos astecas chamavam os cogumelos de "carne-de-Deus".
do nada surgimos existindo sem disso saber, sendo um lampejo de vida impulsionado pela necessidade da sobrevivencia e fustigado pela tentaçao de tudo entender e buscar o mais interminavel do ar infinito que nao sacia a fome, a sede porem nos limita na precariedade da breve estada terrena, pretensa humanidade
acaso não sentes em teus cabelos o Sopro?
existindo, sem saber, para não saber. existindo para não Ser.
nada existe, apenas o lapso entre o inspirar e o expirar
e o Sopro?
não sei da língua, só dos olhos como fenda, amendoados. não sei de libras ou de relações de equilíbrio, só sinto eriçar os cabelos da nuca de tempos em tempos, quando vejo Eles se fundirem e se confundirem n'Ela. Ela me chama, de um modo doce. não sei responder Teu chamado.
que inunda as narinas com a força cega de existir.
o sopro da fumaça do cigarro que pigarreia nas entranhas da má sina do pulmao entre o que é, intrometido sopro vital sujo me levando pro inevitavel desconhecido devir e agenciando uma historia interrompida no vai e vem das forças q cegam tal dita existencia
forças cegas que preenchem essa existência, que insistem neste acontecimento, em instâncias subjetivas
pode se odiar estar cru e se assombrar com as antigas cicatrizes do espírito
as florestas sussuram segredos tão antigos
a montanha e a gravidez de Gaia, temos que parir de nós uma montanha
Gaia rejubila-se ante a propria acontencencia nos modernos tempos de caos e abismos subhumanos, no topo de sua montanha brilhante e luzidia, cicatrizada pelos seculos da posterior insensatez incapaz q tem sido de frutificar um monticulo sequer, beirando o precipicio cavado pela estulticie mor da estrela cozida nas trevas de panico de bem suceder a utilizar o breu pra crescer como sabiam bem fazer os antigos. ficando apenas este apetecer nostalgico do injetado e comodamente desperdiçado quebrar de oportunidades
tudo é fruto, e mesmo o Negro deve ser o fruto d'Ela. não digo de Gaia. mas do Último Útero, PeristálticA, Aquela que, sem olhos, tudo alcança. que crava as unhas fundo nas nossas omoplatas para que venham as asas. está voando por sombras onde a existência humana toda ainda irá despencar.
vá, e sintas no teu umbigo o ritmo dos que tocam nas pedras
batucam cores, um ritmo demoníaco numa efusão de vida, um cheiro acre, um corpo podre. ainda assim deuses porque caixas.
não nos afogamos na dialética judaico-cristã. não me afogo. inundo minha alma de uma escuridão maciça. tácteis seres em tessituras inorgânicas se esvaem quando a pedra se esfarela. a pedra, que aspira e é dom de coagular grãos. da pedra, a areia. do sopro, o fogo - e o suficiente para encher os vasos do Sopro, do Vento que, tempestivamente, nos traga para dentro dA boca, Phe, A Boca que fala.
a caixa está aberta. a janela é uma construção para ver. lançar o olho e dele se perder numa amálgama de figuras, agarrar a pata da rã, ouvir no coaxar os espocares bruscos da caixa craniana.
voar pode ser menos interessante que flutuar...
não é estoicismo, não é judaísmo cristianismo budismo. não é karma, tampouco dharma.
não é a palavra não, não é palavra e tampouco humano.
não é coisa, não é asa, não é vento, não é sopro.
não é pedra, não é osso, não é grão e nem osso.
não é falta, não é abundância, não é fome ou saciedade.
não é fraqueza nem plenitude. nem macho nem fêmea. nem deus nem quimera.

Verbo Não Conjugado, não é palavra, muito menos verbo. não é auxílio para nosso conhecimento encaixotado.

um sapo transbordando entre as frestas, não é mais verde, já é cinza.
ao cair a noite, ele se indaga se houve dia.
não duvida do sol, não duvida da luz.
só ouve o Longe, que lhe canta versos pluriversais.

olha as estrelas, se sente de uma beleza diminuta, incômoda beleza frágil como o único vôo da vida de uma borboleta.

não é feliz, nem triste: é belo seu cantarolar insatisfeito. busca somente.

Longe, Ouvir.
Longe, o Ver.
Pernas que se atem ao menstruo, que suguem de volta o sangue coagulado.
ismos que perseguem o ente desfigurado na insana lida do nao saber de si, dolorosa feialdade insignificante comandando a vontade q nao deveria e jorrando restos de carniças putrefatas das partes inanimadas q compoem este jazer sem ser, sem dizer, palavras sem asas, sem falta, sem busca na inercia da podridao da angustia, privada, inexoravel, pungente a incitar a doente a se mutilar, rasgando a pele, derramando o fluxo de sangue repugnante esperando a lenta e em seculos nao vinda morte fim de tudo e dos maus augurios, alivio almejado a quem nao pode ser amada, honrada, dignificada, nada nada nada

assim é
assim foi
assim choro
a solidao sem canto
no canto, invesivel
perecivel mas nem tanto
tanto tanto tanto

vão este que apodera e descarta tal melancolico ocupador de mundo alheio, indesejado, preterido, marcado, sofra verme no corpo q nao lhe pertence e solte o espirito adjacente para a chama, a cama, a lama, ama-a!
ninguém ceifou da carne o verso secretado. quem veio colher das mãos que não haviam as estrelas suicidas? o sapo que, de morrer, se fez passos, se fez pântano, se fez mato. o verbo já conjugado. que de seus mapas, conhece tanto - as palavras, os sons e seus lugares: ali, no galho, uma cigarra - noutro, um pássaro. cantos.
gralhas esgoeladas num sem fim de devorar vísceras. urdindo um pano para dentro. regurgitando o secretar, aquilo que se furta à cor das penas.
porque pálida, a estrela mais distante.
ninguém ceifou do Sol sua pele mais íntima.
ninguém trouxe do átomo, do repuxo de seu abismo, do vazio de sua imagem - a Figura;
Ela jaz o sono de todos, veio colher do meu pomar fruta madura, suco escorrendo pelas minhas costas.
devorei todos os espelhos, os cacos que se plantaram na minha garganta. babujando sangue e saliva e lágrima, gritei que Ela havia me matado. e então morri. e pálpebras tremulando luz de vela, pude vê-lA. antes de comer meus olhos, pude tocá-la. ao voltar, cego, pedi que me guiasse
ao voltar, cego, pedi que me guiassem entre obstáculos. colhi das flores, seu podre titubeante. colhi das cicatrizes o filete de pétala nova, recolhi à carne a água que meu vaso despejou Àquela que sem olhos sonha um eu, vaso. plantar nas omoplatas. não porque Dor, mas porque trevas. banhei-me do escuro de Tua pele. agora, nutro dias insones.


o verso, atrevido, criou-se por si ou por carencia romantica na falta racional por nao saber fazer-se prosa, uma rosa que , imaginada, sonhada, desejada a ser colhida na mais brilhante estrela do sentir, à espera do principe que lhe toque os labios e desperte o adormecido calor ardente de paixao transbordante, desviante da moral ceifada no universo da razao.


o desfalecer de nao aguentar tao doce afeto, palida, distante do concreto, a queimar no Sol, astro rei imperioso, impondo vida, cantarolando a cantiga do amor, divino magico que da figura sapo se fez espaço no tocar da intimidade dessas subjetividades jovens, pequenas, aprendizes, suicidas descobrindo o veu do partilhar e plantar, urde a seiva do mel, meu, teu, nosso olhar para o céu, sem nada dizer, apenas contemplar a mansidao das maos dadas, deite tua cabeça nos meus ombros e sinta, sinta, sinta, consinta, banhando nos prazeres diletantes, disertantes deste vaso de ternura infinda.